Os Cegos - Pieter Brueghel

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Pressa

Abre os meus braços na imensidão
de si
Qualquer que seja
a prece aprecia
apresse
passa e vai adiante...
Ainda
não estou bem morto
passo meio torto
um sei não que de mim
ai se...
enquanto isso apresso a prece

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Voltando em breve

Parei um pouco de escrever pois estou me dedicando a fazer cursos e mais cursos. Mas logo voltarei com mais poemas. O tema "ser humano" está se acumulando na minha cabeça. Até que ponto uma pessoa ou as pessoas podem ser mentirosas e mesquinhas. Creio que estou detestando as pessoas... até que me provem o contrário.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

sem título

(...)meus sonhos são deuses mortos
de um templo que já derrubaram
sou só uma sombra que vai...
E passo as madrugadas
buscando um raio de luz
por que a noite é tão longa?
guitarra dime-lo tu 


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ego

quisera não descobrir o caminho
para dentro de mim mesma
- prazer, Andrea, sou seu eu:
retalhado, em trapos
desiludido e sem esperanças
indigente, abandonado
maltratado e esquecido
enfim caiu a mordaça e eis que agora
grito
ouve, Andrea, sou seu íntimo
olha com os verdadeiros olhos da alma
e viva de uma vez por todas
tudo o que eu sinto

Vazio

vazia
sentia-se assim oca
apenas um nó na garganta a lembrava
de que ainda estava viva
esquecia-se então
que tinha esperança
há menos de um segundo atrás
seus sonhos foram drenados para fora
de si
como uma hemorragia
e continua sangrando

Morte vida morte

erguia-se do chão em cacos
vazia
e levantava pé ante pé
forçando passos adiante
uma nesga de esperança brincava em seus olhos
a escuridão começava a dissipar
ouvia então o canto de um pássaro
e alguma manifestação de vida plena
nos sorrisos pueris
reconstruía-se do nada
e firmava os pés no chão
preenchia-se de luz
vislumbrava o futuro promissor
cabeça levantada em direção ao horizonte
dava vazão aos sonhos
tinha esperança afinal
ia assim até que ele 
com uma única frase
a deixava oca novamente

sem importância

ela deixava de lado seus sonhos
em detrimento de alguém
que dizia sempre:
você não se importa
ela esforçava-se por esquecer de suas promessas de adolescente:
viajar para lá, pintar para cá, cantar acolá
viver qual passarinho na primavera
esquecia-se da promessa
e ouvia: você não se importa
e em seu interior retumbava o eco de outra voz:
você não se importa consigo mesma

domingo, 10 de outubro de 2010

Ora

E se for a hora
sim senhora
sorria e deixe o sol
entrar
se for a hora
nossa senhora
de risos esquecidos
virem aconselhar
que seja a melhor hora
embora ficar
não seja a solução

Andrea Marques

E se

E se tudo fosse se
acontecesse e alguém dissesse
e se visse
diz que me disse
com desdém mentisse
nada seria em vão
nada seria em vão
tudo seria desejo
um vão de porta
reverberado silêncio
assustado feito cão
que latisse e acudisse
toda a situação
toda a situação
e o que faria
arrumaria um pensamento
abjeto
me roubaria
a calmaria
sem dizer a que seria
e confesso:
apresso logo
um recomeço

Andrea Marques

Vendaval

vivenda de sonhos
teias de renda
olhar ardente a sonhar
passado vívido
há temporais
trazem
maresia no olhar

quintal de nuvens
lúcidas clarabóias
- janelas d'alma
lapidam vasos de
pensamentos
planta os pés
na terra 
e deixa o vendaval
passar

Andrea Marques

Dolores

Acabou-se o tempo da inocência
 agora o que resta
são espinhos
Dolores
são espinhos
olhar pela fresta
de um passado remoto
nem sempre traz conforto
mas bem que tens razão
em querer sair
a esmo
e recomeçar do nada
qual chama apagada
que de suas mãos brotam
a luz
Dolores
a luz
e assim inconsequente
delinquente mulher
encontra-se do outro lado
e senta-se nas pedras
pra lamber suas próprias
feridas

Andrea Marques

Dançarina

Lembra de quando dançávamos
nos telhados
das vilas?
e quando ríamos de nada
horas a fio?
eram dias de inocência
você era sempre a bailarina
e dançava com a ponta dos pés
rodopiando
Descalços na calçada
deixamos pegadas atrás de nós
rastros de felicidade
hoje podemos voltar
sobre nossos próprios passos
para dançar novamente
e ser feliz


Andrea Marques

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Prostituição

Vendo meu ânima
meu tempo e meu potencial criativo
por 3,76 a hora
para uma grande empresa estrangeira
troco meu tempo e minha liberdade
por um mísero salário mensal
que não me permite voar
que não me permite sonhar
e meus sonhos
são jogados fora 
às terças quintas e sábados
junto com o lixo

Andrea Marques

A última fuga

Ela
previsível
fazia tudo direito
era perfeita
Um dia
se jogou de um viaduto
e morreu


Andrea Marques

Fuga

Ela
complacente
dizia sim a tudo
tão pacata
e tão singela
Um dia passou um circo
e ela fugiu com
o equilibrista

Andrea Marques