Os Cegos - Pieter Brueghel

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

sem título

(...)meus sonhos são deuses mortos
de um templo que já derrubaram
sou só uma sombra que vai...
E passo as madrugadas
buscando um raio de luz
por que a noite é tão longa?
guitarra dime-lo tu 


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ego

quisera não descobrir o caminho
para dentro de mim mesma
- prazer, Andrea, sou seu eu:
retalhado, em trapos
desiludido e sem esperanças
indigente, abandonado
maltratado e esquecido
enfim caiu a mordaça e eis que agora
grito
ouve, Andrea, sou seu íntimo
olha com os verdadeiros olhos da alma
e viva de uma vez por todas
tudo o que eu sinto

Vazio

vazia
sentia-se assim oca
apenas um nó na garganta a lembrava
de que ainda estava viva
esquecia-se então
que tinha esperança
há menos de um segundo atrás
seus sonhos foram drenados para fora
de si
como uma hemorragia
e continua sangrando

Morte vida morte

erguia-se do chão em cacos
vazia
e levantava pé ante pé
forçando passos adiante
uma nesga de esperança brincava em seus olhos
a escuridão começava a dissipar
ouvia então o canto de um pássaro
e alguma manifestação de vida plena
nos sorrisos pueris
reconstruía-se do nada
e firmava os pés no chão
preenchia-se de luz
vislumbrava o futuro promissor
cabeça levantada em direção ao horizonte
dava vazão aos sonhos
tinha esperança afinal
ia assim até que ele 
com uma única frase
a deixava oca novamente

sem importância

ela deixava de lado seus sonhos
em detrimento de alguém
que dizia sempre:
você não se importa
ela esforçava-se por esquecer de suas promessas de adolescente:
viajar para lá, pintar para cá, cantar acolá
viver qual passarinho na primavera
esquecia-se da promessa
e ouvia: você não se importa
e em seu interior retumbava o eco de outra voz:
você não se importa consigo mesma