Os Cegos - Pieter Brueghel

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Onde vivem os monstros - comentário

Me emocionei muito com o filme "Onde vivem os monstros". É impressionante como o diretor Spike Jonze consegue todo o clima da infância sem máscaras, numa atmosfera sincera de como é ser criança. Quem não se sentiu assim quando criança? Eu me lembro que eu só queria crescer e ser adulta, tamanha era a carga de ser criança pra mim. Nunca tive voz, nunca tive vez, tinha que mendigar os restos do amor dos meus pais, tinha que conviver com a agressividade das minhas irmãs, do mundo externo e, principalmente, interno: minha casa. Ser criança para mim era uma tortura. Eu via e ouvia coisas, dormia sempre com medo do escuro, do que o escuro guardava, do silêncio mortal da noite. Invariavelmente acordava assustada e gritando, mas ninguém vinha, eu nunca dormi na cama dos meus pais quando ficava com medo. Não sentia o calor da família. Mesmo quando adolescente ainda não conseguia me expressar, minha mãe sempre me mandava calar a boca, sempre me olhava com reprovação. Crescer não foi fácil. Mas apesar de tudo eu ainda consegui ter uma infância com muitas brincadeiras, muitas invenções e não deixei os problemas me bloquearem. Hoje sou quase normal... não ofereço riscos reais à sociedade...rs Mas muitas pessoas trazem seqüelas da infância. Eu tenho minhas máculas que procuro controlar, esconder, reprimir. Afinal, não podemos viver do passado.
Bom, eu só queria dizer que esse filme despertou todas as sensações da infância novamente em mim. Eu me sentia tal qual o Max e revivi tudo isso assistindo ao filme. E gostei muito. É bom para pensarmos em como agimos com nossas crianças. Como as reprimimos, assustamos, em como somos cruéis, covardes. Queremos sempre nos sobrepujar às vontades, aos desejos das crianças. É uma forma de nos sentirmos dominantes, adultos... Pensemos então como as crianças e vamos refletir sobre esse filme. Acredito que o mundo será muito melhor se mudarmos nossas atitudes perante os pequenos e indefesos.

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