Os Cegos - Pieter Brueghel

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Sonho de Afrodite

Alçada alma
orbito entre sóis celestiais
entre deuses
entes dementes
dentre mortais
Não fosse loucura me mudaria
muda às esferas
fugiria à fera que me atormenta
desalento da carne
Não fosse você
alçaria um vôo cego
rumo ao caos
alento de meu ser
Seria flor que brotava nua
na encosta fria
Seria serena sereia
madeixas de medusa
seios apontando o óbito
lábios apocalípticos
Chamava-te a meu regaço
cantava-te cantigas antigas
sobre lânguidas brumas
valentes navegantes
reis depostos
Ah, não sou sereia
Vagueio devagar
pisando leve nas pedras do caminho
para não acordar os espinhos
que dormem
Ouviria ao longe cantigas
antigas de sonhos despedaçados
e princesas impotentes
Ouviria
não fosse o mel quente que expele
a escorrer no abismo
a saciar-me a sede
absinto
sonhos psicodélicos
soturna, acordo
   
Andrea Marques

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